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Par Enantiodronômico

par-enantiodronomico

por Augusto de Franco

Alessandro Gagnor Galvão compartilhou a seguinte publicação de Eduardo Carreira no grupo Dagobah:

Eduardo Carreira:

“David Horowitz (o grande branco ex-pantera negra) está certíssimo: 1) a esquerda revolucionária é basicamente rousseauniana e infantil quando acredita piamente naqueles mitos simplórios do século XVIII sobre a bondade inata dos humanos; 2) a esquerda revolucionária tem obsessão com o futuro, que é fundamentalmente um campo imaginário (ao contrário do passado que pode ser de algum modo aferido); 3) a esquerda revolucionária se considera um exército bem intencionado de salvadores da humanidade, cujo projeto só é questionado por pessoas escrotas que devem ser eliminadas; 4) a esquerda revolucionária vive de mentiras. E não só aquelas relativamente típicas e abstratas da realpolitik. Como sabem meus amigos que continuam lá, nunca se pode ser um esquerdista/revolucionário consciente sem mentir sobre quem é você”.

Segue abaixo a minha resposta.

Augusto de Franco:

“Sim, parece correto, mas há problemas nessa formulação. Apenas para explicitá-los vou fazer uma paródia.

1) a direita conservadora é basicamente hobbesiana e infantil quando acredita piamente naquela hipótese, sem comprovação científica, de que os seres humanos têm uma natureza competitiva e, se abandonados à sua própria sorte, se engalfinhariam numa guerra de todos contra todos; 2) a direita conservadora tem obsessão pelo passado, que é um campo tão imaginário quanto o futuro, na medida em que seus historiadores constroem a história da frente para trás, projetando sobre o passado (que não existe mais, porquanto já passou), sem transposições hermenêuticas válidas, as visões geradas pelas condições presentes (e fazem isso não para conhecer o passado e sim para sulcar um caminho para o futuro condicionado pela repetição de passado); 3) a direita conservadora se considera um exército de pessoas que devem combater a esquerda para manter os valores da civilização, em geral ocidental, mas nem sempre (e em muitos casos cristã ou religiosa: afinal, se deus não existe, tudo seria possível) – como a família, a tradição, a propriedade, a ordem e a hierarquia (quando não a disciplina, a obediência, o comando-e-controle e a fidelidade imposta top down) – e julga, sem qualquer base racional, que existe uma besta-fera humana, um homo hostilis primordial em cada um de nós, que deve ser domado pela civilização; 4) a direita conservadora vive de mentiras (tal como a esquerda). E, na prática (tal como a esquerda) adota sempre – ao fim e ao cabo – a realpolitik, que é autocrática (não-democrática).

Enfim, a esquerda revolucionária e a direita conservadora compõem um par enantiodronômico.

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Pensamentos soltos de fim de tarde após ouvir choros, lamúrias, ranger de dentes, sorrisos, exaltações…

por Carlos Augusto

Ideologias querem substituir características eminentemente humanas como compaixão, equanimidade e alegria.

O sujeito acha que vai impingir estas características ao restante do mundo, porque universalizará a sua ideologia. Parece uma ideia genial fazer o mundo compassivo, equânime e alegre. Do meu jeito, claro.

Ideia tão genial e tão boa, que explica porque em maior ou menor grau as ideologias são totalitárias: elas pressupõe atingir a totalidade para poderem operar. Afinal o mundo não pode ser compassivo, equânime e alegre apenas em parte. Sendo esta a gênese do problema que a ideologia vem resolver. Bora mudar o mundo !

Quando o sujeito está imerso em sua ideologia – sempre para o bem de todos os seres viventes do planeta – brota nele invariavelmente o pensamento integral, monolítico, inquebrantável, a partir do qual só através deste se atinge o bem. Ora, tal altruísmo, tal grandeza de propósitos, jamais poderia se dar em metades ou por partes, ou minimizada de algum modo. Aceitar tais coisas seria aceitar o mal.

A ideologia é a expressão do bom. Há o revestir-se de sacralidade, que dá aso a uma ação reverencial em relação a ideia, de forma que, quando o sujeito a pensa, ele se investe nesta bondade suprema. Pronto ! Ele é um santo.

E como todo santo que se preza, almeja a totalidade, e quer de volta, como preço, como paga, o amor daqueles a quem quer apenas propiciar compaixão, equanimidade e alegria.

O problema – sutilíssimo e que escapa ao sujeito embevecido em sua infinita bondade santificada – é que congregando compaixão, equanimidade e alegria temos o santo em si.

Explico: não é a santidade adquirida que faz um santo. Ninguém se torna santo. O santo já vem revestido de santidade. Isso explica aquela máxima de que Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.

Aí você pode perguntar: mas como então desenvolver a compaixão, a equanimidade e a alegria neste mundo ?

Pulo do gato: todo santo almeja a totalidade, lembra ? mas esta totalidade é interna. Não externa. Não há necessidade do outro. Nenhuma.

Quer uma ideologia pra viver ? Te dou uma: não há maldade neste mundo. Todo o mal, todas as atrocidades, tudo que há de abjeto, repulsivo e de dor foi causado pelas mãos de gente que só queria o bem.

MultiPlicidade Interestelar na Não-Linearidade `Patafísica

“O P.I.P.A. não está na esquerda, nem na direita, nem no centro, e sim NO ALTO” – Timóteo Pinto, pós-pensador `patafísico

 

Muito se têm discutido ultimamente entre alguns de nossos colaboradores nos bastidores da comunidade do P.I.P.A. os seus diferentes afetos em suas eternas buscas por uma ideologia pura & imaculada livre de contradições. Éris suspira, entediada.

Diferentes discordianos de várias vertentes sempre, ou quase, defendem a multiplicidade de idéias, as exceções `patafísicas, as recombinações, a mistura e a não dogmatização de conceitos, o amplo agnosticismo, mas alguns sempre escorregam em seus fetiches ideológicos e meméticos em busca de conforto & segurança.

Mas a política complexa intergalática groucho-marxista do P.I.P.A. para o século 21 chega para transcender essas binariedades limitantes e caracinzas do século passado.

“Eu me contradigo? Pois muito bem, eu me contradigo, sou amplo, vasto, contenho multidões.”
Walt Whitman

Na figura do condivíduo-ídolo-símbolo-`patafísico –delirante do P.I.P.A. Timóteo Pinto exemplificamos perfeitamente o que queremos demostrar, ou não. Ele é isso e aquilo, e nem isso, nem aquilo. Ele contém em si idéias de um determinado polo, mas também do outro em sua dança cósmica recombinatória interplanetária.

“Os óculos monocromáticos da linearidade vampirizam-nos a autocrítica” – Romulo Rodrigues de Carvalho

Pode-se imaginar as idéias e propostas do P.I.P.A. como um mashup de conceitos, em algum sentido. De parte da esquerda nós sampleamos a defesa das minorias, da diversidade e os devires e de parte da direita pirateamos a autodeterminação do indivíduo frente a um estado que tende à burocratização e ao autoritarismo. E acima de tudo, também abandonamos ambos os polos do espectro político.

Para melhor des(orientação) da natureza de nossa proposta, no campo das influências no quadro partidário oficial & imaginário (“a imaginação é muito melhor” – Verde, Fada – 2006) o P.I.P.A. tem apreço pelas propostas do Partido Surrealista Brasileiro. Internacionalmente o P.I.P.A. tem influências do The Youth International Party e do Guns and Dope Party (Estados Unidos), do The Rhinoceros Party (Canadá), do Union of Conscientiously Work-Shy Elements (Dinamarca), do The Deadly Serious Party (Austrália), do The Hungarian Two-tailed Dog Party e do The Best Party (Islândia).

Por menos cegueira ideológica e por uma visão de longo alcance multi-colorida de 523 graus, vista os óculos do P.I.P.A.!

“Eu não acredito em nada. A maioria das pessoas, até mesmo as educadas, acham que todo mundo deve “acreditar” em uma coisa ou outra, que se alguém não é um teísta, é preciso ser um ateu dogmático, e se não achar que o capitalismo é perfeito, é preciso acreditar fervorosamente no socialismo, e se a pessoa não tem fé cega em X, deve-se em alternativa, ter fé cega em não-X, ou o inverso de X. A minha opinião é que a crença é a morte de inteligência.” – Robert Anton Wilson

Meme Dilma Discordiana

O nosso colaborador e partidário Dark Night, juntamente com ENLIL (ambos consPiradores da des[organização] intergalática Sociedade Fnordiana Discordiana) não curtem os memes da esquerda, o que tem levado a intensos debates ideológicos `patafísicos no partido.

Mas ao mesmo tempo Dark Night tem observado sinais caóticos, fnords e koans vindos da presidente.

Seguindo esse tema, segue o meme criado por ele, Dilma Discordiana, com frases discordianas atreladas a imagens de Dilma.

Dilma1

unidilma

Dilma2

Dilma3